quinta-feira, 24 de abril de 2014

"O LOBISOMEM"

Antonópolis é uma cidadezinha com menos de dois mil habitantes olvidadas de tudo e de todos.Estacionou-se no seu tempo.Algumas de suas ruas assemelham fantasmagórico a um deserto desprovidos de viventes.Algumas pessoas renunciaram a este lugarejo em detrimentos do desprover das esperanças em suas buscas.No entanto,em outras vielas,haviam algumas pessoas,que dentro dos seus comodismos já não se aventuravam no buscar das suas ambições.
   Dentre estas vielas,se encontrava uma casinha,a qual era desabastada do conforto tanto quanto ele,Seu zé.Assim era chamado.
Homem franzino,raquítico,que trazia como vestimenta,uma alpargata feita em tiras de couro e pneu.Uma calça em algodão de tear,presa por uma tira de couro sobre a cintura confeccionado pela sua própria 
esposa em seu tear,que se gabava em ser artesã.Uma camisa grossa do mesmo tear cobria-lhe aquele corpo franzino.Sua cabeça era ornada por um chapéu de palha carcomido pelo tempo,onde as abas já um tanto desfeitas,sobrara não mais do que três centímetros a cobri-lhe aquelas faces que o tempo traduziu em marcas profundas.
   Seu Zé,assim o chamavam,não provia de muito afeto naquele lugarejo.Trazia a alcunha de benzedor alem do pseudônimo ultrajante de Lobisomem.Corria a boca pequena,que o dito cujo homem em questão,nas noites enluaradas da cheias,se metamorfoseava na figura metade homem e outra metade lobo e que saia a uivar pelas noites a dentro, enquanto os maradores aferrolhavam dentro das suas casas em um tremor avassalador em causa do uivo do maldito.
Havia também,como não podia faltar,um alguém intrépido e corajoso.Sr.Manoel da Bastianinha.Homem alto,forte,mais para o gordo,que trazia consigo uma barriga de fazer inveja a qualquer magrela do lugar.Vivia a vangloriar-se de suas façanhas,mas no íntimo,borrava-se todo,ate as calças se assim fosse desafiado.
Certa feita,na venda do Sr.Joaquim pé de anjo,cujo estabelecimento vendia de tudo.De mamando a caducando.Todos os homens daquela cidade se afortunavam com uma boa conversa regadas cachaça dentro daquele ambiente aconchegante.Alguém naquela pequena multidão,
resolve desafiar a valentia do Sr Manoel da Bastianinha o qual também ali se encontrara.;-Sr.Manoel,já que é o homem mais corajoso,forte,desta cidade,porque não enfrentou o bichinho Lobisomem ate agora?!
   Proposta feita,proposta respondida.
  -Ainda não quis.Na hora que quiser pego ele de jeito com a minha espingarda de dois canos.
Assim se seguiram por várias horas o encorajamento ao Sr.Manoel em capturar o maldito lobo predatório de ovelhas e galinhas da região.
Sr.Manoel,já com a carcaça a desaguar cachaça pelo ladrão,gritou bem alto em bom tom.-Pois sim,na próxima lua cheia pego o bichinho e faço dele um bicho de estimação. kkkkkkkkkkkk. Todos se entreolharam e gargalharam da ferocidade do Sr.Manoel.
   Os dias se transcorreram em plena harmonia naquele vilarejo e o Sr.Manoel era todo em cobrança pelo ato prometido.
O dia era três de agosto.Mais uma vez todos reunidos na venda do Sr.Joaquim pé de anjo,a encherem a cara da maldita cachaça.
Joãozinho da farmácia,que era o mais filosófico entre todos gritou a Manoel;-E ai Manoel,amanhã é dia de lua cheia,vai encarar o bicho,e ai?-Aí é que vou pegar este bicho uivante incauto minha gente.Todos bateram palmas em solidariedade a Sr.Manoel.
   Dito e feito.Dia quatro de agosto,Sr.Manoel em sua casinha era pensativo em voz alta;-E agora,o que fui fazer em prometer este descalabro aos meus amigos?!- Como fugir?-Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come!Se eu fugir,tenho que fugir de vez e nunca mais voltar a mostrar minha cara por aqui.O jeito é enfrentar a fera.
O sol já se punha arrastando a garbosa lua cheia.Sr.Manoel tremia que nem vara verde.Sentado no rabo de seu fogão de lenha,comendo o que restara do almoço,mais uma vez dialogava com seus botões.
   -Porque fui inventar uma coisa desta!
Enquanto pensava,começou o drama e a ouvir os uivos do bicho ruim.Cada vez mais próximo,suas calças molharam toda das pernas para baixo.Cada vez o uivo se aproximava mais ainda de sua casa.O medo agora se transformara em coragem pela promessa feita aos amigos.Foi ate um canto da parede onde se encontrava a sua espingarda pendurada.De arma em punho,puxou a tranca da sua porta,saiu a rua a procura do uivo do bicho.Era meia noite meia quando deu uma olhada no seu relógio Omega de bolso.Não sabia se ia em frente ou se corria para traz.A memória naquele instante mostrava os amigos a lhe zombar pelo não feito.Em um repente, apagou de sua memória aquela visão e partiu em frente a procura do bichinho.
Ao virar a esquina deparou com dois metros de pêlo em pé,meio homem e meio animal,com enormes garras no final de suas patas.Duas orelhas enormes em ristes e uma bocarra enorme pela qual escorria uma baba sedenta de sangue pelos seus dentes.
   Sr.Manoel deu dois passos para trás enquanto a besta deu cinco para frente.Foi quando o Sr.Manoel sentiu o bafo quente do bicho em sua fuças.
Não chegou a ver e sentir seus dedos roçar no gatilho de sua espingarda,e tão pouco ouviu dois estampidos a trovejarem e ecoarem pelas ruas desertas naquele momento noite,lúgubre de terror.Chegou a ouvir ainda um uivo enorme de dor do bicho,pós cair desmaiado de morte estatelado pelo chão.
   Todos naquela corrutela ao ouvir os estampidos junto ao uivo do bicho,saíram de sua casas a procura do ocorrido.A rua plena de gente, foi quando Joãozinho,o filósofo,no meio daquela multidão os avistou.
Gritou;-Olhem la,é ali!
Todos correram naquela direção.Ao se aproximarem dos dois corpos foram logo reconhecendo o corpo do Sr.Manoel e um pouco mais distante,o corpo do Sr.José estático e decrépito pelo chão.Sr.José trazia duas perfurações de grosso calibre no peito,enquanto Sr.Manoel jazia pelo chão com a boca roxa,inerte pelo infarto do miocárdio.
   Dia cinco de agosto,por uma daquelas vielas entristecidas,eram percorridas por dois caixões de dois seres transformadores de opiniões.
Uns diziam;-Ele foi muito corajoso,homem macho mesmo!
Outros;-Bem que a gente já sabia que o Sr.José não era flor de se cheirar.Ele era o maldito lobisomem que metia medo em todo mundo.
Dona Bastianinha,mãe de Manoel, a verter lágrimas em abundância se conformara em dizer:-Ele levou meu filho,mas meu filho o mandou para o inferno.
Assim se passaram os verões e invernos naquele pequeno arraial.Mas vez ou outra nas noites enluaradas,se ouvia ao longe,o uivar condoído e melancólico de um certo animal.




















quinta-feira, 10 de abril de 2014

REMANESCÊNCIAS

NA QUIETUDE DO ACASO
SOBRESSAEM AS NOSTALGIAS,
ADJUNTAS AO POENTE
QUE EM UM REPENTE,
VAGUEIAM NA CONSCIÊNCIA DA ALMA,
NAS ESQUINAS DOS PRIMÓRDIOS,
EM UM CANTO DE UM RECORDAR.
FATOS QUE NOS ENTERNECE E ACALMA.
PEREGRINAMOS POR UM ENVELHECIDO TEMPO
COM QUANTO FOMOS GARFADOS
POR ESTE INSÓLITO DECORRIDO,
QUE RETRATAM VIVÊNCIAS
FRAGMENTADAS E TATUADAS EM NOSSA INDOLÊNCIAS.
TALVEZ OS CACOS REMANESCENTES,SE JUNTADOS AO PRESENTE,
NOS RETRATE O COLORIDO
DOS QUAIS NADA FORAM PERDIDOS,
DESTA RECUPERATIVA EVASÃO
DO NOSSO CORAÇÃO.
SOBEJAM CONTUDO,OS NOSSO EGOS
PRIVADOS DAS VEDAÇÕES,
RETIDAS NAS REMANESCÊNCIAS,
O VISUALIZAR DE NOSSOS PERDIDOS
NOS TEMPOS HIBERNADOS E CONTIDOS
DE UM PASSADO PRESENTE. 












terça-feira, 1 de abril de 2014

"UM CAIPIRA MINEIRO"

Quantas vezes triei aquela pinguela
no ombro carregando minha enxada
a qual afiei o fio dela
para carpir minhas invernada.

Colhi e fartei os meus jacas
muitas verduras nas gamelas
outras tantas sobre a mesa,
colhidas com as minhas certezas.

Encharquei-me nas frias garoas,
andei nos trieiros orvalhados
coloquei rações nos cochos,
os quais por mim foram talhados.

Nas manhas de primavera
sobre o meu fogão de lenha,
meu bolo de mandioca eu fazia
que dentro da matula ia.

Fartei os meu celeiros
abarrotei minha tulhas de milho
nas tardes fui cavaleiro,
no campo um trabalhador andarilho.

Nas noite de meu repousar
orei a virgem Maria,
para mim e aos de pouca fé,
que nos dê saúde nas causas do dia a dia.

Vivo só na minha solidão
em minha casinha de pau a pique,
é bem simples e modesta
mas o bastante para o que me resta.

Sou um caipira mineiro,
com muita honra e satisfação
a terra que do mato eu faço meu lenho,
é o meu berço o meu rincão.

Quando o meu tempo passar,
quero que me plantem por aqui,
que eu germine garboso,
nos corações daqueles que de mim se setem orgulhoso.

Não quero tristeza nem choro,
somente amigos e alegrias,
porque aqui cumpri a minha sina,
com fé e galhardias.

Minha herança esta reunida no meu trabalho,
que deixo ao homem do campo,
e ao homem da cidade, 
o que me restar de minha honestidade.

Que ela sirva como um pouco de exemplo,
la na roça tem trabalho,
mas tem também caráter e honestidade,
é um pouco do que deixo, ao que falta ao homem da cidade.