sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

" A MORTE DO AMOR"

Ao dissecar as suas lágrimas,apiedo-me à aridez estampada em seu rosto.
Marcas de um consternar,pulsão na rigidez da sua alma,profetizando o quanto sofrível o seu decorrido,ao divisar elos aleijados recentes.
   O insulamento a sabatinava a todo instante,neste seu caminhar errante,do porque do seu querer,e do não querer,findar-se neste desfolhar dos sonhos do que fora no outrora.
   As cortinas descerram sobre o seu ato teatral.O silêncio lúgubre dos seus sonhos não a ovacionam.As ilusões esvaem pelos corredores da mudez,e nos entre-dedos,gotejam como um ampulheta,as suas dores,determinando os seus momentos únicos.
Esvaecida,se debulha e dobra sobre os seus cacos putrefatos,entorpecida da morte.
   Agora,em seu sublimar,se eleva aos céus buscadora da sua semelhante alma, derruída em um passado recente.
   Sua sinópsia:
   "Aqui jaz um amor carcomido ferido e inerte,sobre os escombros falidos do não demulcente ato de um amor eterno.








sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"AMOR E DESEJOS"

O vento baila imutável sobre os montes.
O sol no seu poente e horizontes,
graceja no seu esconde-esconde.
A lua sorrateira,
sem eira e nem beira,
surge desnuda sem pejos
em meio ao rio Tejo,
a um casal da praça
que se acham cheios de graças.
Com o aparecer da lua
galanteador, ele diz a ela...
  -É toda sua!
Ruborizada sem trejeitos
ele a envolve deleitante,
e a lua arrogante,
em testemunha,
aclareia os seus beijos
cujo a alcunha,
amor e desejos.

sábado, 8 de novembro de 2014

"ILUSÕES PASSADAS"

Lacerei os recortes do meu passado
em fragmentos nítidos.
Uns,um tanto quanto opacos
mas visualizo traços marcantes,
do que fora o antes,
que não foram deletados.

A jovialidade daquela porção
retratavam vivências marcantes,
como as bodas dos quinze anos,
a rodopiarmos no salão,
no aconchego dos meus braços
hoje trêmulos,compactuados aos meus embaraços.

Em vão,uno as dispersões às saudades
um caco aqui,outro acola,
mas carece de algo neste pedaço
que busco insano,
esta oculto em um canto dos meu prantos,
que hoje eu os faço.

Recortes ora nítidos
outros nem tanto,
no entretanto visualizo as minhas certezas
meus atos de singeleza,
comungados à minha musa bela,
entalhada e delineadas em aquarelas.

Existimos em nossos palácios
nos castelos dos sonhos,
carruagens aladas,
nossos contos de fadas,
que agora em um soprar de briza 
afugentam nossas ilusões passadas.















sexta-feira, 19 de setembro de 2014

"PÁLPEBRAS EXAURIDAS"

Nas calmarias da mudez
um coração escruta.
Lágrimas esvaídas
nas faces de um padecer,
marcas doídas.

Reflexões perambulam em um vasio
procurador das razões,
desviadas do obscuro
vazadas no desaguar dos entre dedos,
agora sem arremedos.

As pálpebras em sua estiagem
esgotadas do seu sofrer,
aos olhos compadecidos
se fecham condoídos,
as provações e esperanças de um prover.

Sequestraram os seus dogmas 
arrastando-as aos calabouços,
atadas nas masmorras do pensar
como vendas no olhar,
o resgatar daquele moço.

O horizonte descerra as suas portas
correntes desatadas.
Radiante luz exterior
é a renovação de uma aurora,
que outrora foram fragmentadas.













quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"RIMAS SUBSTANCIAIS BUCÓLICAS"

Era uma moça da roça
que roçava no roceiro
enquanto ele roçava a sua roça,
que a tarde se recolhia 
à sua velha palhoça.
Ele
em cima da pinguela
se aconchegava a ela,
com o seu vestido em aquarela
feitio em entretelas,
que a tornava tão bela.
Ela
moça faceira
conquanto intrigueira
sem eira nem beira,
mas era o que o encantava
aquela moça brejeira,
que Deus lhe mandava.
Ele e Ela
se juntaram um dia
em uma tarde fria
ao pés da Virgem Maria,
aos sons de uma melodia
que os marcariam.
Ela e Ele
agora,matrimoniados
um tanto determinados,
com trabalho redobrados
moram agora em um sobrado
na cidade de Belgrado.
Transformou-se Rei
do porque eu não sei.
Mas esta é a história que sei
de um tudo que nada sei.














terça-feira, 2 de setembro de 2014

"VALSANDO NO IMAGINÁRIO

Enraizei-me nas profundas do meu íntimo
ancorei nos sentimentalismo
bem atados em laços,
como um forte abraço
ao meu apego inconsciente,
já quase demente.

Entrajei-me em gala
matizei a minha fala,
valsei no imaginário
violinos em duetos,
rodopiei no palco da ilusão,
taças tilintavam em brindes,
em gracejos aos nossos brandir.

Despido dos pudores
nu das burguesias,
desnivelei dos pragmáticos
avivei-me fantasiador,
sem pejos abracei minhas determinações,
neste barco das ilusões.

Despojado dos caprichos
voseei aos quatro ventos,
não mais aos meus lamentos.
Em um abrir de olhos,
em um fechar das volúpias
efetuei as minhas vontades,
desatracando a minha nau
me fartando com as libidinosidades.


















"O AMOR"

O amor é o cheiro da flor
é o talo em espinhos
a brisa que roça o rosto,
é o desgosto
uma solidão
o Jasmim,
é o sim.

O amor é o calor
é o ardor
a chibata
que arrebata
bate e assopra,
é a revolta
é a pororoca
que arrasta tudo em volta.

O amor é a ferida
que é sentida
nos da guarida,
no amanhã
que nos acanha
que abocanha,
em um vai e vem
juntos ou sem ninguém.

O amor é a esperança
com muita bonança
a relva molhada,
uma lagrima rolada
um grito de choro,
um cheiro inodoro
fica o perfume,
de quem assume.

O amor é a falta
o aperto mais forte
o vento do norte,
que trazem notícias
do beijo molhado,
que nos nossos foram talhados.
Dor doída,
não sofrida
porque é amor,
é fervor.

























terça-feira, 19 de agosto de 2014

"DESEJOS'

Desnublada manhã primaveril
matizes azuis anil,
premonitórios anunciam
calentura em lençóis amarfanhados,
noite amornadas em abraços
rogozijos  entre-laços.

Esmordicados seus pomos desnudos
incandescentes rubros rosas,
sobrejacentes fazem-se regalo
um sexualismo inebriante,
onde deleitam rogados
conquanto esperançados.

Amoldados conjuntamente
corações latejantes,
lavas incandescentes,
invadindo o infinito
acariciantes solícitos.

Sem pejos algum
unos em amplexos,
esvaem-se derruídos
desfraldando sua robustez de mancebo,
a lua testemunhal,
fecha-se ruborizada ao ato final.





sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"O BADALAR DOS SINOS ASSOMBRADOS"

   Dezoito horas,quando o sineiro Pedro pucha a corda do seu sino na nave de Deus,marcando como o seu badalar,a hora do Ângelo naquele vilarejo.Na pequena igreja,pairava uma luz tênue que provinha dos castiçais que hora,ornavam o altar mor daquela igreja.Sobre o altar,havia uma toalha branca,em rendas,confeccionadas pelas artesãs rendeiras do lugar.Ao lado dos bancos de madeira,alinhados milimétricos pelo seu cuidador Pedro,se encontrava um confessionário do século passado,que trazia em suas laterais de madeiras de lei,entalhes em alto relevo da crucificação de Jesus.Enquanto as luzes dos castiçais fulguravam na pequena nave de Deus,o ecoar dos sinos expandiam por aquela cidadela,anunciando o momento de oração.Por entre os bancos daquela igreja,nos corredores,adentravam naquele momento,uma velha senhora,que com os seus joelhos,um tanto endurecidos pela idade e os pesos da sua vida,dobravam-os sobre o altar-mor da igreja,a qual gemia ao abaixar sobre os referidos bancos.Era dona dona Zéfina moradora daquele lugar.
   A capela era encravada no alto de um morro,o que dificultava muito,não somente a dona Zefina,como também os demais moradores daquele lugar,as suas chegadas naquela casa de orações.Já diziam por aquelas bandas,que vários objetivos milagrosos eram alcançados em detrimentos das escaladas do morro ate as suas padroeira.O que levou o morro a ser denominado como o morro dos milagres.Dona Zefina,que fazia parte daqueles fieis,sempre começavam a sua escalada duas horas antes do Ângelo.Subia lentamente com os seus passos já bastantes trôpegos,ate se chegar naquele lugar,nos mesmos dias e nos mesmos horários a se penitenciar.
   Zefina,não foi flor de se cheirar em sua época de juventude de moça bonita e faceira.Levara uma vida mundana em seus idos.Fora uma prostituta de fino trato,a qual sempre era requisitada pelos homens abastados fazendeiros da região.Recebia pela sua beleza inconteste,várias ofertas de matrimônios.Entre tantos,havia Manoel,fazendeiro abastado de terras e gado daquela região de homens abastados.
   Corria a boca pequena,naquele antro das perdições,que Dona Zefina havia levado a falência vários fazendeiros daquela região em causa da sua beleza ímpar e matreirices as quais lhes eram peculiares.Não se chegou a ser uma milionária,mas várias casas de alugueis e algumas terras eram lhes atribuídas.
   Naquela mesma igreja,nos dias vinte e dois de março de um mil e novecentos e vinte,adentravam aquela igreja,trajando um vestido de seda em branco brilhante,com adornos em rendas,e sobre a cabeça,um solidéu com uma grande grinalda a cair pelas suas costas alvas e aveludadas.Eram Zefina,que se havia  dobrado aos encantos do dinheiro de Manoel,e ele por sua vez,pelos encantos inenarráveis dela.
   Manoel,no pico de suas emoções,jorrava o seu sorriso amarelo de lado a lado pelos corredores os quais se encontravam vários de seus familiares e amigos.Pedro,por sua vez,enfeitavam aquela nave com o badalar de seu sino os momentos de pura magias daquele matrimônio.Após as bençãos do vigário Chico,os convidados se deslocaram ate a fazenda de Manoel para os devidos comes e bebes regados a uma boa cachaça e cervejas.
   Agora,ali,naquele momento,nos últimos badalar dos sinos,das dezoito horas,pelo rosto da anciã,rolavam lágrimas de sofrimentos e amarguras que lhe entranhavam pelas suas rugas,que os anos tratarão de penitencia-la.Aquele rosto que outrora abrilhantavam a sua casa das pudicícias perdidas das jovens mariposas,transformadas em vidas mundanas,agora,abatiam-lhes sofrimentos e amarguras naquele restar derradeiro de vida.
   Nos seus primeiros anos de vida matrimoniais,foram os de maiores regozijar em sua vida.Toraram-se maiores ainda,com a chegada do seu primeiro e único rebento.Um misto de tristeza tomara conta dos seus dias uma vez que a pobre criança havia chegado com deformações físicas.Depois de maior,as suas saídas com seu filho se tornaram um tantas raras devido os impactos causados aos moradores daquela vila.Alguns chegaram o apelidar de Quasímodo,o corcunda de Notre Dame.
   Logo apos quatro anos a vida mais uma vez a punira.Fora de uma crueldade tamanha,levando o seu querido esposo Manoel,que se diziam ter morrido de nó nas tripas.Iniciou-se assim a debandada de sua juventude e juntas,arrastando também,a sua estonteante beleza de mulher.Seu filho agora já contava com os seus vinte anos,se sujeitando a vegetação e sofrimentos sobre uma cama o qual não andava mais.Alguns meses mais tarde os desígnios batera mais uma vez à sua porta levando o seu bem maior,que era o seu filho.
   Dona Zefina,alem da punições imposta-lhes pela vida,pesava sobre se,os remorsos da sua vida meretrícia de um passado muito constrangedor que para ela hoje era o fim.O sineiro Pedro,já se acostumara aos cotidianos daquela velha senhora em suas peregrinações aquela igreja.Não passavam desapercebido a ele, o rápido degradar daquela mulher que se arrastava todos os seus dias pelo morro ate a capela.Os sinos de Pedro rasgavam os céus daquele povoado anunciando aos quatro ventos,a hora do Ângelo.Naquele dia,algo diferenciado chamara-lhe a atenção.Naquela capela funesta e silenciosa faltava algo que,ele Pedro, notara.A ausência de Dona Zefina.Pensava ele com os seus botões,que ela deveria estar adoentada ou qualquer coisa que o valha.Três dias se passaram sem o comparecimento da mesma nos mesmos horários costumeiros.Zefina havia perecido,quando Pedro e alguns moradores do lugar,invadiram a sua casa,uma vez que estava totalmente fechada.Encontraram-na jazida sobre um canto do fogão, inerte,e um tanto quando com mal cheiro.
   Apos o falecimento daquela mulher,as pessoas quase não frequentava,quer dizer,não subiam quase mais,aquele morro dos milagres em suas orações.Data a vênia,Pedro também partira em um acidente de moto a qual a mesma o levara todos os dias na subida daquele morro ate a igreja.A partir daí,devido os acontecidos,diziam que o lugar se tornara amaldiçoado.A partir dali não se houvia mais um badalar de sinos,quando uma noite de uma pequena garôa,ouviu-se um badalar de um sino.Nos outros dias sequentes,uma vez ou outra mais,se ouvia os sinos a tocar na igreja.Nas sequências,os sinos balavam todos os dias as dezoito horas em ponto.Os moradores daquele lugar se perguntavam uns aos outros,já que todos eram conhecidos,se haviam alguém a tocar aqueles sinos.No que foi constatado que ninguém daquela vila havia subido naquele morro aterrorizante.
   Um grupo de moradores resolveram subir ate aquela capela para constatar o que haveria de intrigante naquele lugar que agora passara a ser mal assombrado.Chagaram todos justamente as dezoito horas,uma vez que os fatos acorriam naquele horário previsto.Foi quando se iniciou mais uma vez o retumbar dos sinos espalhando por toda a capela.A porta da igreja se encontrara aberta,com uma das partes já quebradas.Uma penumbra dava para visualizar o seu interior.Foram todos adentrando a pequena nave quando no seu centro visualizaram a figura de uma anciã que logo constaram de se tratar de Zefina.Todos atônitos ainda,quando viram se aproximar do altar-mor,a figura de um jovem corcunda,acedendo os castiçais que ainda estava sobre o altar.E os sinos?! -Alguém havia arguido em voz alta.Ao se aproximarem de um canto da capela,la estava Pedro sorridente,todo em branco reluzente,a puxar a corda do sino que retumbavam por toda a capela.De repente todos saíram em uma debandada correria pelo morro abaixo sem olhar um segundo para traz.
   Hoje,vez ou outra,não em todos os dias,mas se houve ainda os sinos de Pedro na anunciação deles dentro daquela capela mal assombrada.
   Dizem a boca pequena,que hoje,em várias capelas deste pais de Deus,Pedro costuma dar o ar da sua graça em algumas delas.Se ouvirem algum ecoar de sinos em suas igrejas,talvez possas ser Pedro.




























   

quinta-feira, 31 de julho de 2014

"ESSÊNCIAS"

Exumei-a dos escombros de uma saudade
em um cantinho já olvidados
destravando os ferrolhos da memória,
visualizando-a em retratos emoldurados nítidos
inolvidável à nossa história.

Esquadrinhei-a nos trilhos das nossas andanças
nas intempéries das caminhadas  já percorridas,
que foram fracionados nos tempos
agora,aglutinadas em nossa essências,
sobremodo, no coração há guarida.

Lapijei-a em folhas alvas
matizando-as com nossa verbalidades,
transmudando em aquarelas
postadas nas paredes de minha alma,
ornando agora,sem receios algum
sobre mim,com seu cheiro de Bromélias.

O saudosismo faz a sua presença
em um suave martirizar,
objetivando não mais sonhos
uma fulguração real,
em um só entrelaçar.








quarta-feira, 23 de julho de 2014

" O ROCEIRO"

O galo infla o seu peito
com o seu jeito de tenor,
abre a sua cantadeira
anunciando uma nova aurora,
acordando o roceiro
a iniciar a sua vida mateira.

Fogão já em brasa
lambendo as penelas,
fervilha o café com o leite
assando ate o bolo de fubá,
enquanto no curral Zé ordenha,
ao lado,com milho, ha um jacá.

O bule sobre a mesa
o bolo na gamela,
que será a sobre-mesa
mais tarde no jantar.
Tem também o bolo de tareco,
que dia nenhum há de faltar.

Água fervente na boca da chapa
esquenta e fervilha,
vai ser depenado um penoso
sera regado junto as iguarias,
que no almoço sera feito com carinho,
virará frango a passarinho.

Zé, esta na lida do leite,
no rachar de uma lenha,
enquanto o gado na invernada
arreia o seu cavalo Brabeza,
sela que foi feita em couro curtido
sai atras do gado com muita destreza.

Maria grita trepada na porteira
-- Zé,a boia ta na mesa!
Sua voz ecoa nas pradarias,
chegando a pé do seu ouvido
puxa a rédea do seu Baio,
-- Vamo embora cumê a boia da Maria.

A tarde já se faz noite
lamparina acesa no rabo do fogão,
Zé, com seu pés dentro de uma bacia,
com sua calça arregaçadas,
toma seu banho de gato,já dizia,
na água que já esta um pouco fria.

O galo canta novamente
parece que nem dormiu,
há um novo raiar la no Fundão
na roça deste homem simples,
que se expressa um tanto quanto errado
mas que faz o progresso desta nação.

Feliz do homem do campo
que tem de tudo à suas mãos,
tem trabalho e muita labuta,
é feliz do seu jeito
muito bem recompensado,
à sua maneira e do seu jeito.
















quinta-feira, 17 de julho de 2014

"PÁGINAS ESQUECIDAS"

Desvisto as páginas dos meus tempos
já um tanto amarelecidas,
com quanto transfiguradas
cheiros de bolor de uma herança,
porem intactas,
estão minhas lembranças
preservadas incólume,
minhas vivendas,
meus decorridos,
minhas andanças.
Em meio a elas,
nas folhas descoloridas,
visualizo sem pejos algum,
semi-desnuda,
desprovida dos pragmáticos,
atiça-me desejador
meu afegar sem pudor.
Pensante,me achego,
no seu aconchego,
entre-laço
nos seus abraços,
amancebando-me em concubina 
com uma afeição profunda,
aquela que me abunda.
Fartando-me dos seus desejos
repentinamente se achegue a brisa,
folheando fugazmente,
transmutando a minha história
deslustrando-me das memórias,
uma página dos meus tempos
sem devoção ou constrangimentos.





sexta-feira, 4 de julho de 2014

" A ARTE DO POETAR"

Poetar são insuflações Divinas de um ego,que em um gozo sobrenatural,expele comoções exacerbadas extraídas das inspirações do interno,em momentos do aprazer de um clímax literário.
São fantasias lúdicas,ou não,de extratos de uma alma em sua lucidez plena.
O poetar,se compõe das decomposições sádicas masoquistas do sofrer,sintetizadas em um versejar de prazeres,arrancadas de uma lucidez porem vivas,de um conscientes em chamas.
São palavras aglutinadas e ordenadas virtualmente se tornando reais nas sublimações das concrescibilidades.
   Dons naturais,conscientes,aos receptíveis destas habitabilidades.
Ou sejam,são palavras catadas ao vento,ordenadas em pensamentos sobre uma folha em branco de papel,dando-nos o seu colorido literário e poético. 

"DESEJOS LIBIDINOSOS"

Na quietude de uma tarde sorrateira
uma saudade tamanha,
que me acanha.
Meus pensamentos incheridos,
vagam destemidos ate a ela
naquela manhã de primavera.
Me olha de soslaio,
com trejeitos e brejeirices 
atingindo-me como um raio.
Sua desnudez sobre a relva plácida,
fomentam os meus desejos libidinosos
nos fetiches sexuais demoníacas,
que me eram abrasador,
agasalhando-me em suas essências afrodisíacas.
Amoldurei-me naquela nudez mordaz,
mendigando-a em minha sede voraz.
As suas pudicícias,que já não as eram,
fiz-me pleno no enlear de nós dois
glorificados momentos depois.
A relva em testemunha,
ruborizante ao ato
fecha-se em desagrado,
ao amor pleno
tão sublime e sereno.







quarta-feira, 25 de junho de 2014

"SONHO DE UM MOLEQUE"

Chispa a bola pelo chão
pernas se entre-laçam em sua busca.
Corre ela sorrateira
de pé em pé,
um diz uma asneira,
é o moleque safado
do pé desprovido da chuteira.
Bola fora.
Quem bate agora?!
É o pai do moleque
que debandou-se de seu barraco,
corrompido pela magia de couro,
que imagina um dia
erguer uma copa de ouro.
Correria total.
Frenesi de quem galga o clímax
é o gozo geral.
Abraços entre-laços,
lágrimas de prazer.
É o moleque safado,
correndo dentro de Maraca
o clamor ao seu nome,
moleque safado
o sonho realizado.
É goooooooollllllllllllll!!!!!


quarta-feira, 14 de maio de 2014

"SER MÃE"

Ser mãe,é agasalhar o filho do filho em seus braços,
compartilhar o seu colo a cada momentos,
não importa a cada traço,
sejam quais sentimentos.

Mãe é a tempestade de açoites
é a brisa que de leve o rosto lhe roça,
que amorna as sua noites,
as feridas,que de leve as coça.

Mãe é a que absorve os seus estigmas
nas consternações ou prazeres,
que sejam um malfeitor ou benévolo
abraça-os como único seres.

Mãe é a árvore que fecunda
que germina o novo ser,
teus filhos,mais que frutos,
são partes de você
são vidas,seu bem querer.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

"O LOBISOMEM"

Antonópolis é uma cidadezinha com menos de dois mil habitantes olvidadas de tudo e de todos.Estacionou-se no seu tempo.Algumas de suas ruas assemelham fantasmagórico a um deserto desprovidos de viventes.Algumas pessoas renunciaram a este lugarejo em detrimentos do desprover das esperanças em suas buscas.No entanto,em outras vielas,haviam algumas pessoas,que dentro dos seus comodismos já não se aventuravam no buscar das suas ambições.
   Dentre estas vielas,se encontrava uma casinha,a qual era desabastada do conforto tanto quanto ele,Seu zé.Assim era chamado.
Homem franzino,raquítico,que trazia como vestimenta,uma alpargata feita em tiras de couro e pneu.Uma calça em algodão de tear,presa por uma tira de couro sobre a cintura confeccionado pela sua própria 
esposa em seu tear,que se gabava em ser artesã.Uma camisa grossa do mesmo tear cobria-lhe aquele corpo franzino.Sua cabeça era ornada por um chapéu de palha carcomido pelo tempo,onde as abas já um tanto desfeitas,sobrara não mais do que três centímetros a cobri-lhe aquelas faces que o tempo traduziu em marcas profundas.
   Seu Zé,assim o chamavam,não provia de muito afeto naquele lugarejo.Trazia a alcunha de benzedor alem do pseudônimo ultrajante de Lobisomem.Corria a boca pequena,que o dito cujo homem em questão,nas noites enluaradas da cheias,se metamorfoseava na figura metade homem e outra metade lobo e que saia a uivar pelas noites a dentro, enquanto os maradores aferrolhavam dentro das suas casas em um tremor avassalador em causa do uivo do maldito.
Havia também,como não podia faltar,um alguém intrépido e corajoso.Sr.Manoel da Bastianinha.Homem alto,forte,mais para o gordo,que trazia consigo uma barriga de fazer inveja a qualquer magrela do lugar.Vivia a vangloriar-se de suas façanhas,mas no íntimo,borrava-se todo,ate as calças se assim fosse desafiado.
Certa feita,na venda do Sr.Joaquim pé de anjo,cujo estabelecimento vendia de tudo.De mamando a caducando.Todos os homens daquela cidade se afortunavam com uma boa conversa regadas cachaça dentro daquele ambiente aconchegante.Alguém naquela pequena multidão,
resolve desafiar a valentia do Sr Manoel da Bastianinha o qual também ali se encontrara.;-Sr.Manoel,já que é o homem mais corajoso,forte,desta cidade,porque não enfrentou o bichinho Lobisomem ate agora?!
   Proposta feita,proposta respondida.
  -Ainda não quis.Na hora que quiser pego ele de jeito com a minha espingarda de dois canos.
Assim se seguiram por várias horas o encorajamento ao Sr.Manoel em capturar o maldito lobo predatório de ovelhas e galinhas da região.
Sr.Manoel,já com a carcaça a desaguar cachaça pelo ladrão,gritou bem alto em bom tom.-Pois sim,na próxima lua cheia pego o bichinho e faço dele um bicho de estimação. kkkkkkkkkkkk. Todos se entreolharam e gargalharam da ferocidade do Sr.Manoel.
   Os dias se transcorreram em plena harmonia naquele vilarejo e o Sr.Manoel era todo em cobrança pelo ato prometido.
O dia era três de agosto.Mais uma vez todos reunidos na venda do Sr.Joaquim pé de anjo,a encherem a cara da maldita cachaça.
Joãozinho da farmácia,que era o mais filosófico entre todos gritou a Manoel;-E ai Manoel,amanhã é dia de lua cheia,vai encarar o bicho,e ai?-Aí é que vou pegar este bicho uivante incauto minha gente.Todos bateram palmas em solidariedade a Sr.Manoel.
   Dito e feito.Dia quatro de agosto,Sr.Manoel em sua casinha era pensativo em voz alta;-E agora,o que fui fazer em prometer este descalabro aos meus amigos?!- Como fugir?-Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come!Se eu fugir,tenho que fugir de vez e nunca mais voltar a mostrar minha cara por aqui.O jeito é enfrentar a fera.
O sol já se punha arrastando a garbosa lua cheia.Sr.Manoel tremia que nem vara verde.Sentado no rabo de seu fogão de lenha,comendo o que restara do almoço,mais uma vez dialogava com seus botões.
   -Porque fui inventar uma coisa desta!
Enquanto pensava,começou o drama e a ouvir os uivos do bicho ruim.Cada vez mais próximo,suas calças molharam toda das pernas para baixo.Cada vez o uivo se aproximava mais ainda de sua casa.O medo agora se transformara em coragem pela promessa feita aos amigos.Foi ate um canto da parede onde se encontrava a sua espingarda pendurada.De arma em punho,puxou a tranca da sua porta,saiu a rua a procura do uivo do bicho.Era meia noite meia quando deu uma olhada no seu relógio Omega de bolso.Não sabia se ia em frente ou se corria para traz.A memória naquele instante mostrava os amigos a lhe zombar pelo não feito.Em um repente, apagou de sua memória aquela visão e partiu em frente a procura do bichinho.
Ao virar a esquina deparou com dois metros de pêlo em pé,meio homem e meio animal,com enormes garras no final de suas patas.Duas orelhas enormes em ristes e uma bocarra enorme pela qual escorria uma baba sedenta de sangue pelos seus dentes.
   Sr.Manoel deu dois passos para trás enquanto a besta deu cinco para frente.Foi quando o Sr.Manoel sentiu o bafo quente do bicho em sua fuças.
Não chegou a ver e sentir seus dedos roçar no gatilho de sua espingarda,e tão pouco ouviu dois estampidos a trovejarem e ecoarem pelas ruas desertas naquele momento noite,lúgubre de terror.Chegou a ouvir ainda um uivo enorme de dor do bicho,pós cair desmaiado de morte estatelado pelo chão.
   Todos naquela corrutela ao ouvir os estampidos junto ao uivo do bicho,saíram de sua casas a procura do ocorrido.A rua plena de gente, foi quando Joãozinho,o filósofo,no meio daquela multidão os avistou.
Gritou;-Olhem la,é ali!
Todos correram naquela direção.Ao se aproximarem dos dois corpos foram logo reconhecendo o corpo do Sr.Manoel e um pouco mais distante,o corpo do Sr.José estático e decrépito pelo chão.Sr.José trazia duas perfurações de grosso calibre no peito,enquanto Sr.Manoel jazia pelo chão com a boca roxa,inerte pelo infarto do miocárdio.
   Dia cinco de agosto,por uma daquelas vielas entristecidas,eram percorridas por dois caixões de dois seres transformadores de opiniões.
Uns diziam;-Ele foi muito corajoso,homem macho mesmo!
Outros;-Bem que a gente já sabia que o Sr.José não era flor de se cheirar.Ele era o maldito lobisomem que metia medo em todo mundo.
Dona Bastianinha,mãe de Manoel, a verter lágrimas em abundância se conformara em dizer:-Ele levou meu filho,mas meu filho o mandou para o inferno.
Assim se passaram os verões e invernos naquele pequeno arraial.Mas vez ou outra nas noites enluaradas,se ouvia ao longe,o uivar condoído e melancólico de um certo animal.




















quinta-feira, 10 de abril de 2014

REMANESCÊNCIAS

NA QUIETUDE DO ACASO
SOBRESSAEM AS NOSTALGIAS,
ADJUNTAS AO POENTE
QUE EM UM REPENTE,
VAGUEIAM NA CONSCIÊNCIA DA ALMA,
NAS ESQUINAS DOS PRIMÓRDIOS,
EM UM CANTO DE UM RECORDAR.
FATOS QUE NOS ENTERNECE E ACALMA.
PEREGRINAMOS POR UM ENVELHECIDO TEMPO
COM QUANTO FOMOS GARFADOS
POR ESTE INSÓLITO DECORRIDO,
QUE RETRATAM VIVÊNCIAS
FRAGMENTADAS E TATUADAS EM NOSSA INDOLÊNCIAS.
TALVEZ OS CACOS REMANESCENTES,SE JUNTADOS AO PRESENTE,
NOS RETRATE O COLORIDO
DOS QUAIS NADA FORAM PERDIDOS,
DESTA RECUPERATIVA EVASÃO
DO NOSSO CORAÇÃO.
SOBEJAM CONTUDO,OS NOSSO EGOS
PRIVADOS DAS VEDAÇÕES,
RETIDAS NAS REMANESCÊNCIAS,
O VISUALIZAR DE NOSSOS PERDIDOS
NOS TEMPOS HIBERNADOS E CONTIDOS
DE UM PASSADO PRESENTE. 












terça-feira, 1 de abril de 2014

"UM CAIPIRA MINEIRO"

Quantas vezes triei aquela pinguela
no ombro carregando minha enxada
a qual afiei o fio dela
para carpir minhas invernada.

Colhi e fartei os meus jacas
muitas verduras nas gamelas
outras tantas sobre a mesa,
colhidas com as minhas certezas.

Encharquei-me nas frias garoas,
andei nos trieiros orvalhados
coloquei rações nos cochos,
os quais por mim foram talhados.

Nas manhas de primavera
sobre o meu fogão de lenha,
meu bolo de mandioca eu fazia
que dentro da matula ia.

Fartei os meu celeiros
abarrotei minha tulhas de milho
nas tardes fui cavaleiro,
no campo um trabalhador andarilho.

Nas noite de meu repousar
orei a virgem Maria,
para mim e aos de pouca fé,
que nos dê saúde nas causas do dia a dia.

Vivo só na minha solidão
em minha casinha de pau a pique,
é bem simples e modesta
mas o bastante para o que me resta.

Sou um caipira mineiro,
com muita honra e satisfação
a terra que do mato eu faço meu lenho,
é o meu berço o meu rincão.

Quando o meu tempo passar,
quero que me plantem por aqui,
que eu germine garboso,
nos corações daqueles que de mim se setem orgulhoso.

Não quero tristeza nem choro,
somente amigos e alegrias,
porque aqui cumpri a minha sina,
com fé e galhardias.

Minha herança esta reunida no meu trabalho,
que deixo ao homem do campo,
e ao homem da cidade, 
o que me restar de minha honestidade.

Que ela sirva como um pouco de exemplo,
la na roça tem trabalho,
mas tem também caráter e honestidade,
é um pouco do que deixo, ao que falta ao homem da cidade.





















quarta-feira, 26 de março de 2014

"O ESTRUPO"

Na quietude crepuscular da  noite,as abstrações se perdem nas latências,embrenhando pelas trincheiras turvas e inclusas no buscar das ascendências.
Regressas as origens uterinas visualizando um florescer,um ecoar de um prantear condoído,do que não era para ter este princípio deste germinar compadecido.
Um ser que não o era para ser,fadado em um ato de desprazer,das inconciliabilidades,esbulhadas no consumar de uma truculência em um ato libidinoso,com tamanhas consequências de um feito que não era para ser feito.
   Emergem das Profundas infernais, agora,neste ser jovial,que se questiona o porque dos porque,desta violação virginal maternal,da injuria carnal,no seu ato final.
Das tantas sequelas,ainda lhes restam aquelas,que nos dividendos e nas somas,as resultantes são atos de amor atados a nós,que não deslustraram as vivências deste dois seres unidos carnalmente,apesar deste fatídico realizar imputados a ambos,pelos atos praticados no despudorar de um psicossexual.









quarta-feira, 19 de março de 2014

MINHA CULPA,MINHA MÁXIMA CULPA

No desguarnecer de nossa robustez emocional,elas se esvaem no descurar das indolências,aportando nas desambições fortalecidas nas displicências.Ao florir as constatações,batem-nos a exprobação,sentimento de culpa.Buscamos no retroceder da consciência o encanto destes sentimentalismos exacerbados que se perderam pelas privações o qual criamos.
Fomenta assim,o manifestar,o desejo,do retroceder no tempo,na restauração deste amoriscar-se nas probabilidades atiradas pelos arqueiros cupidinosos.La estará,incólume, receptivas a qualquer constrangimentos,o perdão, criados e calcados nas ignorâncias suscetível a qualquer ser.Haverão todavia,períodos propícios para estas efetuações profícuas do buscar destas afeições profundas,contidas ainda,nas interioridades plangentes.
   "A HUMILDADE DO RECONHECER-SE É UMA VIRTUOSIDADE." 








sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A SECA DO SERTÃO

A cotovia com o seu expressar melodioso
regozija a chuva que cai,
expulsando a seca que se esvai
embebendo a Santa terra,
do martírio que assim encerra.
Já,a Asa Branca do sertão,
alada alçou o seu voou,
renunciando à sua caatinga
em busca de uma restinga
a umedecer a sua esperança inquebrantável
de uma seca que se exauriu inexorável.
Beatas com as suas latas d`água nas cabeças
caminhantes em ladainhas,
oram ao pé do cruzeiro
para que Deus lhes ouça em chuvas,
quiça o dia inteiro
para que possa florescer a terra
da seca a qual o homem foi o seu empreiteiro.
Deus,mande chuva para o sertão
do sul e que seja ate o norte,
a molhar esta terra rachada
que não se prevaleça a premonição,
"O SERTÃO VAI VIRAR MAR
E O MAR VAI VIRAR SERTÃO"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

"VELHICE"

No encorrilhar da face
condensa em cada traço
o labor,o aprendizado,
que no rosto me foi talhado
vivezas as quais ainda os faço.

Nas guedelhas dos cabelos arruçados,
ali estão carimbadas
o passadismo das maturidades,
arrancadas nas fadigas,outrossim,nas sanidades.

No latejar de um coração,
ecoam nas trincheiras dos meus combates,
o retumbar tatuadas nas molduras de minhas labutas
hoje refletidas em um bengala
que é o sustentáculo de minhas lutas.

As caminhadas arrastantes,
deste ancião mutuante,
que esquadrinha toda uma existência
calcadas nas virtudes teologais,
uma fé inquebrantável,
de uma realização irrefutável.

cavalguei nas bravatas de um passado
arpei a feras de meu imaginário,
surfei nas ondas com quanto já realizadas.
Hoje,sobre uma cadeira de balanço,
somo meus balanços advindos das minhas sagas.

















quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MENINICES

No descortinar o reter das minhas lembranças
vislumbrei-me com os decorridos.
Célere pelos prados verdejantes,
camisa descoberta ao peito
era o meu deleito.
Sentir o prazer dos ofegantes,
descer os montes verdejantes
pausar embaixo de uma árvore frondosa aconchegante.

Despojado das pudicícias 
desguarnecido em nudez,
embrenho-me pelos charcos gelados
sentindo na pureza d`alma
o infante,a minha intrepidez.

Bola de meia com cosedura à mão
rola e rebola em meio aos pés descalços,
repica e pica em meu rumo,
me ponho a prumo,
atinjo-a de primeira.
É duradora a ovação,
o gol,a candura
da inocência pura.

Pipas alçam seu voos supostamente aladas
tentam negligenciar-se engalanadas.
Estão retidas a um fio
que é o meu desafio,
em não perde-la na imensidão
de meus sonhos alados
de uma meninice
onde os tempos la se vão
contadas nos dedos de minhas mãos.