terça-feira, 19 de agosto de 2014

"DESEJOS'

Desnublada manhã primaveril
matizes azuis anil,
premonitórios anunciam
calentura em lençóis amarfanhados,
noite amornadas em abraços
rogozijos  entre-laços.

Esmordicados seus pomos desnudos
incandescentes rubros rosas,
sobrejacentes fazem-se regalo
um sexualismo inebriante,
onde deleitam rogados
conquanto esperançados.

Amoldados conjuntamente
corações latejantes,
lavas incandescentes,
invadindo o infinito
acariciantes solícitos.

Sem pejos algum
unos em amplexos,
esvaem-se derruídos
desfraldando sua robustez de mancebo,
a lua testemunhal,
fecha-se ruborizada ao ato final.





sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"O BADALAR DOS SINOS ASSOMBRADOS"

   Dezoito horas,quando o sineiro Pedro pucha a corda do seu sino na nave de Deus,marcando como o seu badalar,a hora do Ângelo naquele vilarejo.Na pequena igreja,pairava uma luz tênue que provinha dos castiçais que hora,ornavam o altar mor daquela igreja.Sobre o altar,havia uma toalha branca,em rendas,confeccionadas pelas artesãs rendeiras do lugar.Ao lado dos bancos de madeira,alinhados milimétricos pelo seu cuidador Pedro,se encontrava um confessionário do século passado,que trazia em suas laterais de madeiras de lei,entalhes em alto relevo da crucificação de Jesus.Enquanto as luzes dos castiçais fulguravam na pequena nave de Deus,o ecoar dos sinos expandiam por aquela cidadela,anunciando o momento de oração.Por entre os bancos daquela igreja,nos corredores,adentravam naquele momento,uma velha senhora,que com os seus joelhos,um tanto endurecidos pela idade e os pesos da sua vida,dobravam-os sobre o altar-mor da igreja,a qual gemia ao abaixar sobre os referidos bancos.Era dona dona Zéfina moradora daquele lugar.
   A capela era encravada no alto de um morro,o que dificultava muito,não somente a dona Zefina,como também os demais moradores daquele lugar,as suas chegadas naquela casa de orações.Já diziam por aquelas bandas,que vários objetivos milagrosos eram alcançados em detrimentos das escaladas do morro ate as suas padroeira.O que levou o morro a ser denominado como o morro dos milagres.Dona Zefina,que fazia parte daqueles fieis,sempre começavam a sua escalada duas horas antes do Ângelo.Subia lentamente com os seus passos já bastantes trôpegos,ate se chegar naquele lugar,nos mesmos dias e nos mesmos horários a se penitenciar.
   Zefina,não foi flor de se cheirar em sua época de juventude de moça bonita e faceira.Levara uma vida mundana em seus idos.Fora uma prostituta de fino trato,a qual sempre era requisitada pelos homens abastados fazendeiros da região.Recebia pela sua beleza inconteste,várias ofertas de matrimônios.Entre tantos,havia Manoel,fazendeiro abastado de terras e gado daquela região de homens abastados.
   Corria a boca pequena,naquele antro das perdições,que Dona Zefina havia levado a falência vários fazendeiros daquela região em causa da sua beleza ímpar e matreirices as quais lhes eram peculiares.Não se chegou a ser uma milionária,mas várias casas de alugueis e algumas terras eram lhes atribuídas.
   Naquela mesma igreja,nos dias vinte e dois de março de um mil e novecentos e vinte,adentravam aquela igreja,trajando um vestido de seda em branco brilhante,com adornos em rendas,e sobre a cabeça,um solidéu com uma grande grinalda a cair pelas suas costas alvas e aveludadas.Eram Zefina,que se havia  dobrado aos encantos do dinheiro de Manoel,e ele por sua vez,pelos encantos inenarráveis dela.
   Manoel,no pico de suas emoções,jorrava o seu sorriso amarelo de lado a lado pelos corredores os quais se encontravam vários de seus familiares e amigos.Pedro,por sua vez,enfeitavam aquela nave com o badalar de seu sino os momentos de pura magias daquele matrimônio.Após as bençãos do vigário Chico,os convidados se deslocaram ate a fazenda de Manoel para os devidos comes e bebes regados a uma boa cachaça e cervejas.
   Agora,ali,naquele momento,nos últimos badalar dos sinos,das dezoito horas,pelo rosto da anciã,rolavam lágrimas de sofrimentos e amarguras que lhe entranhavam pelas suas rugas,que os anos tratarão de penitencia-la.Aquele rosto que outrora abrilhantavam a sua casa das pudicícias perdidas das jovens mariposas,transformadas em vidas mundanas,agora,abatiam-lhes sofrimentos e amarguras naquele restar derradeiro de vida.
   Nos seus primeiros anos de vida matrimoniais,foram os de maiores regozijar em sua vida.Toraram-se maiores ainda,com a chegada do seu primeiro e único rebento.Um misto de tristeza tomara conta dos seus dias uma vez que a pobre criança havia chegado com deformações físicas.Depois de maior,as suas saídas com seu filho se tornaram um tantas raras devido os impactos causados aos moradores daquela vila.Alguns chegaram o apelidar de Quasímodo,o corcunda de Notre Dame.
   Logo apos quatro anos a vida mais uma vez a punira.Fora de uma crueldade tamanha,levando o seu querido esposo Manoel,que se diziam ter morrido de nó nas tripas.Iniciou-se assim a debandada de sua juventude e juntas,arrastando também,a sua estonteante beleza de mulher.Seu filho agora já contava com os seus vinte anos,se sujeitando a vegetação e sofrimentos sobre uma cama o qual não andava mais.Alguns meses mais tarde os desígnios batera mais uma vez à sua porta levando o seu bem maior,que era o seu filho.
   Dona Zefina,alem da punições imposta-lhes pela vida,pesava sobre se,os remorsos da sua vida meretrícia de um passado muito constrangedor que para ela hoje era o fim.O sineiro Pedro,já se acostumara aos cotidianos daquela velha senhora em suas peregrinações aquela igreja.Não passavam desapercebido a ele, o rápido degradar daquela mulher que se arrastava todos os seus dias pelo morro ate a capela.Os sinos de Pedro rasgavam os céus daquele povoado anunciando aos quatro ventos,a hora do Ângelo.Naquele dia,algo diferenciado chamara-lhe a atenção.Naquela capela funesta e silenciosa faltava algo que,ele Pedro, notara.A ausência de Dona Zefina.Pensava ele com os seus botões,que ela deveria estar adoentada ou qualquer coisa que o valha.Três dias se passaram sem o comparecimento da mesma nos mesmos horários costumeiros.Zefina havia perecido,quando Pedro e alguns moradores do lugar,invadiram a sua casa,uma vez que estava totalmente fechada.Encontraram-na jazida sobre um canto do fogão, inerte,e um tanto quando com mal cheiro.
   Apos o falecimento daquela mulher,as pessoas quase não frequentava,quer dizer,não subiam quase mais,aquele morro dos milagres em suas orações.Data a vênia,Pedro também partira em um acidente de moto a qual a mesma o levara todos os dias na subida daquele morro ate a igreja.A partir daí,devido os acontecidos,diziam que o lugar se tornara amaldiçoado.A partir dali não se houvia mais um badalar de sinos,quando uma noite de uma pequena garôa,ouviu-se um badalar de um sino.Nos outros dias sequentes,uma vez ou outra mais,se ouvia os sinos a tocar na igreja.Nas sequências,os sinos balavam todos os dias as dezoito horas em ponto.Os moradores daquele lugar se perguntavam uns aos outros,já que todos eram conhecidos,se haviam alguém a tocar aqueles sinos.No que foi constatado que ninguém daquela vila havia subido naquele morro aterrorizante.
   Um grupo de moradores resolveram subir ate aquela capela para constatar o que haveria de intrigante naquele lugar que agora passara a ser mal assombrado.Chagaram todos justamente as dezoito horas,uma vez que os fatos acorriam naquele horário previsto.Foi quando se iniciou mais uma vez o retumbar dos sinos espalhando por toda a capela.A porta da igreja se encontrara aberta,com uma das partes já quebradas.Uma penumbra dava para visualizar o seu interior.Foram todos adentrando a pequena nave quando no seu centro visualizaram a figura de uma anciã que logo constaram de se tratar de Zefina.Todos atônitos ainda,quando viram se aproximar do altar-mor,a figura de um jovem corcunda,acedendo os castiçais que ainda estava sobre o altar.E os sinos?! -Alguém havia arguido em voz alta.Ao se aproximarem de um canto da capela,la estava Pedro sorridente,todo em branco reluzente,a puxar a corda do sino que retumbavam por toda a capela.De repente todos saíram em uma debandada correria pelo morro abaixo sem olhar um segundo para traz.
   Hoje,vez ou outra,não em todos os dias,mas se houve ainda os sinos de Pedro na anunciação deles dentro daquela capela mal assombrada.
   Dizem a boca pequena,que hoje,em várias capelas deste pais de Deus,Pedro costuma dar o ar da sua graça em algumas delas.Se ouvirem algum ecoar de sinos em suas igrejas,talvez possas ser Pedro.