sexta-feira, 19 de setembro de 2014

"PÁLPEBRAS EXAURIDAS"

Nas calmarias da mudez
um coração escruta.
Lágrimas esvaídas
nas faces de um padecer,
marcas doídas.

Reflexões perambulam em um vasio
procurador das razões,
desviadas do obscuro
vazadas no desaguar dos entre dedos,
agora sem arremedos.

As pálpebras em sua estiagem
esgotadas do seu sofrer,
aos olhos compadecidos
se fecham condoídos,
as provações e esperanças de um prover.

Sequestraram os seus dogmas 
arrastando-as aos calabouços,
atadas nas masmorras do pensar
como vendas no olhar,
o resgatar daquele moço.

O horizonte descerra as suas portas
correntes desatadas.
Radiante luz exterior
é a renovação de uma aurora,
que outrora foram fragmentadas.













quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"RIMAS SUBSTANCIAIS BUCÓLICAS"

Era uma moça da roça
que roçava no roceiro
enquanto ele roçava a sua roça,
que a tarde se recolhia 
à sua velha palhoça.
Ele
em cima da pinguela
se aconchegava a ela,
com o seu vestido em aquarela
feitio em entretelas,
que a tornava tão bela.
Ela
moça faceira
conquanto intrigueira
sem eira nem beira,
mas era o que o encantava
aquela moça brejeira,
que Deus lhe mandava.
Ele e Ela
se juntaram um dia
em uma tarde fria
ao pés da Virgem Maria,
aos sons de uma melodia
que os marcariam.
Ela e Ele
agora,matrimoniados
um tanto determinados,
com trabalho redobrados
moram agora em um sobrado
na cidade de Belgrado.
Transformou-se Rei
do porque eu não sei.
Mas esta é a história que sei
de um tudo que nada sei.














terça-feira, 2 de setembro de 2014

"VALSANDO NO IMAGINÁRIO

Enraizei-me nas profundas do meu íntimo
ancorei nos sentimentalismo
bem atados em laços,
como um forte abraço
ao meu apego inconsciente,
já quase demente.

Entrajei-me em gala
matizei a minha fala,
valsei no imaginário
violinos em duetos,
rodopiei no palco da ilusão,
taças tilintavam em brindes,
em gracejos aos nossos brandir.

Despido dos pudores
nu das burguesias,
desnivelei dos pragmáticos
avivei-me fantasiador,
sem pejos abracei minhas determinações,
neste barco das ilusões.

Despojado dos caprichos
voseei aos quatro ventos,
não mais aos meus lamentos.
Em um abrir de olhos,
em um fechar das volúpias
efetuei as minhas vontades,
desatracando a minha nau
me fartando com as libidinosidades.


















"O AMOR"

O amor é o cheiro da flor
é o talo em espinhos
a brisa que roça o rosto,
é o desgosto
uma solidão
o Jasmim,
é o sim.

O amor é o calor
é o ardor
a chibata
que arrebata
bate e assopra,
é a revolta
é a pororoca
que arrasta tudo em volta.

O amor é a ferida
que é sentida
nos da guarida,
no amanhã
que nos acanha
que abocanha,
em um vai e vem
juntos ou sem ninguém.

O amor é a esperança
com muita bonança
a relva molhada,
uma lagrima rolada
um grito de choro,
um cheiro inodoro
fica o perfume,
de quem assume.

O amor é a falta
o aperto mais forte
o vento do norte,
que trazem notícias
do beijo molhado,
que nos nossos foram talhados.
Dor doída,
não sofrida
porque é amor,
é fervor.